Numa competição esportiva o outro time é um adversário?
Para alguns com certeza sim. Mas existe outra visão bem interessante, que é aquela em que o outro é um time colaborador, porque, sem ele não há jogo.
Quem já venceu uma partida sabe diferenciar bem a satisfação que se sente ao ganhar quando a outra equipe joga muito bem, buscando se superar a cada lance, sensação bem diferente daquela vivenciada quando o jogo é ganho tendo à frente uma equipe que não se importa.
A colaboração de ambos pode criar um lindo espetáculo e uma vitória com V maiúsculo, pois, os dois times buscaram a auto-superação a cada instante, dando o melhor de si.
Nesta nova visão, onde antes se via um oponente, agora existe um companheiro, que pode tornar o jogo mais emocionante, e a vitória mais saborosa.
E é apenas a nossa cultura o que nos distancia desse entendimento. Somos educados para lutar, para desconfiar, para buscar o nosso sucesso pessoal. É difícil encontrarmos, em qualquer área da vida, pessoa ou equipe que fique realmente feliz quando outro atleta fica com o ouro, ainda que reconheça ser merecida a medalha.
Mais difícil ainda é o atleta que perde perceber o quanto o esporte, que ele ama, ganha com o crescimento de uma equipe ou de alguém em especial, ainda que não seja o dele.
Aprender a olhar para o outro, àquele a quem se costuma chamar de adversário, como sendo parte importante do jogo, e que por isso mesmo merece todo o respeito e admiração, faz toda a diferença. O outro é, também, nosso companheiro, só que tem, é óbvio, uma função diferente da nossa, e por isso, desafia-nos a todo instante para que possamos ter a nossa melhor atuação.
Quando se consegue entrar em campo, quadra ou pista, com esta disposição interior, não se percebe inimigos em parte alguma, não se inicia o jogo para derrotar alguém, mas para fazer bonito, para vencer.
Aquele que joga disposto a dar o melhor de si, olhando para o companheiro do outro time com uma reverência interna, com respeito, de forma fraterna, alegre, e ainda autoconfiante, já entrou vencedor e este, com certeza, também faz parte de um novo time, ainda pouco conhecido, mas fundamental para nossa sociedade: o da Cultura de Paz.