Felicidade

felicidade1O que me faz feliz?

É possível sofrer e manter um estado de felicidade?

É melhor sofrer ou dopar o sofrimento para ser feliz mais rápido? Ou ainda, existe felicidade fast-food?

É possível me sentir feliz se assumo posicionamentos ou atitudes não éticas?

Prazer e felicidade são a mesma coisa? Andam juntos?

Onde está a felicidade?

Ou, o que é a felicidade?

Perguntas que todos já nos fizemos ou que nos fazemos constantemente…

Mas também filósofos, psicólogos, religiosos, antropólogos, sociólogos, políticos, educadores, jornalistas e até economistas já escreveram sobre o tema, já pesquisaram o tema e buscaram respostas.

Uma coisa em comum, os mais atuais, concluem: vivemos em tempos de pouca felicidade.

A tecnologia, os avanços científicos, da comunicação ou políticos não trouxeram ainda ao homem e à mulher um estado permanente de felicidade. Referência de leitura: Felicidade – Eduardo Gianetti – Ed. Companhia das Letras.

Nosso planeta é local de grande beleza, de imensas diferenças e semelhanças, num equilíbrio dinâmico e intenso. Mas também é palco de muito sofrimento. Não somente o causado pelo homem e pela mulher. Mas também, aquele resultante do viver. Nosso corpo sente dor, fome, frio, calor, coceira, sede, pode sentir angustia, tristeza, raiva, medo. Sim nosso corpo sente. É um corpo emocional, bioquímico, repleto de hormônios que alteram nosso humor dependendo do que comemos, bebemos, fazemos, sofremos.

Sofrer faz parte do viver, ensinam os budistas.

Há sofrimentos que necessitam de tratamentos médicos, psicológicos ou psiquiátricos, o que é diferente de “dopar” o sofrer. Isso não nos traz felicidade, somente um descanso temporário, às vezes, até indicado para nossa recuperação.

E quando sofremos, o que fazer?

Chantal Thomas, filosofa francesa, autora do livro Souffrir, ensina que sofrer sem perder o sentido da vida, aproveitando o que de melhor a vida pode nos oferecer ajuda a superar o sofrimento e a nos fortalecer.

É preciso enfatizar que prazer e felicidade também não andam sempre juntos, ensina Sua Santidade Dalai Lama em seu Best-seller: A arte da Felicidade.

Há muitas coisas que dão imenso prazer e causam muita infelicidade para nós mesmos ou para os outros.

As drogas de forma geral são muito prazerosas e causam destruição da personalidade, do grupo social onde o indivíduo está envolvido, quando não sua morte, além de financiar o crime organizado no Brasil e no mundo. Isso só como um exemplo.

Um remédio como a quimioterapia, por outro lado, é desagradável de se receber, de se ingerir, traz mal estar momentâneo, mas sempre que possível traz consigo a cura ou sua possibilidade, gerando no mínimo esperança, e essa esperança pode alicerçar a felicidade de alguém.

Portanto, quem busca no prazer sua fonte de felicidade pode ter pegado a estrada errada.

Agora, como pode pretender o homem e a mulher serem felizes sem serem éticos? Falo aqui da ética da amorosidade, esta a mais esquecida das éticas, esta ética à qual Sua Santidade Dalai Lama dedicou um livro: “Uma ética para o novo milênio”.

Não há felicidade possível sem ética, aquela construída pelo respeito a todo o senciente, com altruísmo, com compaixão e ternura, com responsabilidade por nossos atos e opiniões.

O homem e a mulher não éticos são também não coerentes, e essa incoerência gera conflitos imensos em suas mentes que impedem a possibilidade da felicidade.

Na prática da crueldade há muito poder e prazer. O que gera uma falsa sensação de felicidade.

Na prática da tolerância e da compaixão pode haver uma sensação irreal de fraqueza ou de perplexidade, para quem assiste, mas o estado íntimo de vitória sobre si mesmo leva também à conquista de um estado de espírito feliz.

Aristóteles caracterizava a felicidade como um objetivo visado por todo ser humano e esta felicidade também poderia ser entendida como um bem-estar, principalmente com relação a algo que se realiza. Para este filósofo a noção de felicidade é central à ideia da ética, porque ela só ocorre quando se obtém algo que foi bem feito, correspondente a excelência humana e esta seria dependente de uma virtude ou de uma qualidade de caráter que tornasse possível sua realização.

Assim acreditem, ética e felicidade andam de mãos dadas.

Por fim, não posso deixar de dizer que felicidade, como ensina o filósofo, educador, teólogo Rubem Alves, anda onde está o menino que vive em cada um de nós… Porque responsabilidade e seriedade nada têm que ver com sisudez, ranzinzices ou mau humor.

Ensina-nos Rubem Alves que quando nos tornamos adultos e vestimo-nos como tal, às vezes, começamos a nos comportar de um jeito mal-humorado, chato, aborrecido e isso, segundo o autor é uma doença grave chamada adultice, e para se curar só tomando chá de criança. Ai, dá-lhe subir em árvores, chupar fruta no pé, balançar, dançar, correr, chutar bola, brincar. Esse Rubem Alves sabe das coisas.

Mexer o corpo, mexer a mente entediada. Suar de brincar, de rir, de rolar no chão com o filho, o cachorro, na areia da praia.

Voltar a pulsar, a viver.

Para ser feliz deixe o corpo voltar a pulsar, para sentir o prazer de viver. Volte a olhar para aquele que está do seu lado ternamente, põe doçura de novo no seu olhar. Deixe sua alma voltar a amar e a ter esperança nessa sua vida.

Volte a ser pequeno por dentro. Tenha coragem…não tenha vergonha.

Para ser feliz é preciso de pouco. Precisamos primeiro gostar muito de nós mesmos. Manter a fé e a esperança acesas. Pulsar. Respirar. Ser ético. E claro, manter o melhor de nós vivo em cada ação, em cada pensamento: a criança que vive e saltita dentro de nós.

Felicidades a todos!!

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