O amor opera pequenos e grandes milagres no dia a dia de nossas vidas.
É só permitir que ele envolva nossas almas e deixa-lo agir através de nós, para que coisas
surpreendentes aconteçam.
O caso que vou contar é um exemplo real da força do amor em ação, e ele aconteceu durante o outono de 2000, entre 30 de março e 30 de junho, ou seja, no decorrer de apenas três meses.
Quando acabava o verão naquele ano de 2000, recebi em meu consultório para tratamento com essências florais uma jovem dentista, de 25 anos.
Contou-me que sua mãe estava com um tumor no mediastino, já há seis meses. O tumor era muito grande, maligno, e que por isso não havia sido possível operar.
Sua mãe já não saia mais da cama e clinicamente não se via melhora de seu estado.
A jovem sentia-se sobrecarregada com os cuidados do lar, uma vez que seu pai apresentava-se depressivo há anos, com crises de mania seguidas de profunda depressão e sua única irmã morava em outro estado, muito distante de São Paulo.
A paciente, por isso, cuidava de tudo em seu ambiente familiar.
Quando me procurou sentia-se rancorosa, magoada e cansada…
A vida familiar era desgastante e difícil, a começar por seu relacionamento com a sua mãe, que de há muito tempo apresentava-se distante e repleto de mágoas.
Contou-me que havia perdido um irmão, quando este tinha seis anos de idade, e que nunca mais sua mãe se recuperou desta perda, mantendo-se isolada em sua dor, de maneira dramática e enfermiça.
Achava seus pais evasivos, duros e críticos. E não se percebia vinculada afetivamente a eles.
Não notando, inclusive, nenhum interesse vindo de sua mãe, a respeito de sua vida.
Concluía dizendo não saber se os amava.
Todavia ela estava em sofrimento, chorando muito.
Na primeira consulta dei-lhe uma fórmula de florais com essências para dar suporte àqueles
que cuidam de outras pessoas. Ofereci-lhe na mesma fórmula essências florais para a dor da
perda, para a possibilidade de transcendência do sofrimento, para a mágoa, e para o
fortalecimento da auto estima.
Outras essências foram usadas para que ela pudesse ter um entendimento mais claro a
respeito da importância do momento que vivia, além de florais para o stress e para o trauma.
As essências para a auto estima poderiam ajudá-la a nutrir sua base emocional e naquele primeiro momento o intuito era nutri-la desta forma para fortalecê-la, afim de que ela pudesse enfrentar a perda de sua mãe e os demais desafios decorrentes de uma vida familiar desestruturada e enfermiça.
Isto porque enfrentar a morte requer disposição para a vida.
Vinte dias após o primeiro encontro apresentava-se menos cansada e dizia perceber que criava uma barreira para não sentir o sofrimento, pedindo-me auxílio para isso.
Entretanto, dizia não estar mais tão aflita, e que se sentia melhor.
Neste encontro solicitou florais para a mãe, e eu enviei essências para ajudá-la a lidar com a dor das perdas, com a tristeza e com o stress decorrente da doença e de sua vida pessoal.
Era início do outono, e as folhas das árvores preparavam-se para cair…
Um sentimento de solidão tomava conta da jovem, quando retornou ao meu consultório.
Mantive as essências para cuidar daquele que cuida, essências de força, de discernimento, de estabelecimento de prioridades, de fé; e também aquelas que a ajudavam a nutrir sua base afetiva, emocional, através, principalmente de essências que tratavam da mãe interior, para que a paciente pudesse sentir-se cuidada por si mesma, consolada, protegida e acima de tudo amada. As essências florais para o trauma, para a transcendência do sofrimento, para o entendimento foram igualmente mantidas.
Eu inclui essências florais que a ajudassem a romper a barreira da solidão, e do isolamento afetivo a que ela se obrigava, para que pudesse entrar em contato sincero e amoroso consigo, com seus pais, e com quem mais ela quisesse.
Pois, é preciso amar muito e expressar este amor para deixar partir aqueles que amamos e continuar nosso caminho sentindo-nos inteiros.
No meio do mês de maio sua mãe piorou muito, já não conseguia mais respirar sem auxílio externo, e mesmo assim, as brigas em casa eram constantes. Principalmente entre seus pais.
Dizia-me que sua mãe era super dramática, que fazia inúmeras chantagens emocionais com a família. Que por exemplo, quando a paciente fazia algo que a desagradava, reclamava dizendo:
– Olha como eu estou… Olha meu estado, e você ainda faz isso? É melhor que eu morra logo….
Nesta fase de sua vida ela dava sua mãe por morta. Apesar de manter-se cuidando dela e de seu pai.
Comecei a dar-lhe uma fórmula composta de essências florais chamada Bálsamo, do sistema de essência florais Filhas de Gaia, criada especificamente para auxiliar a enfrentar períodos de luto e de perda, para a dor e tristeza que se originam nestes momentos.
Fiz também um spray de essências florais e óleos essências para ser utilizado em todos os ambientes da casa, favorecendo a fraternidade no ambiente.
Dez dias depois retornou ao consultório, dizendo-se mais equilibrada, mais serena com relação à doença de sua mãe.
Parando de pensar o tempo todo, que iria chegar em casa em encontrá-la morta.
O médico que acompanhava o caso de sua mãe disse-lhe que ela não teria mais que dois meses de vida.
Pediu-me então para visitar sua mãe levando-lhe preces e florais.
Perguntei-lhe se sua mãe desejava minha presença em sua casa. Ao que ela me respondeu que não.
Disse-lhe então que eu não poderia ser invasiva, e que a vontade de sua mãe deveria ser respeitada.
Sugeri-lhe que ela mesma oferecesse para a mãe de maneira delicada, as preces que desejava que eu fizesse, e que se sua mãe não aceitasse que respeitasse e, então poderia pedir autorização para ficar ao seu lado, em silêncio, orando mentalmente.
Disse-lhe que passasse a fórmula de essências florais, que eu iria manipular em um creme, em seus pulsos, caso ela quisesse.
Assim foi feito.
No início sua mãe não queria as preces em voz alta, e ela ficava ao seu lado orando mentalmente e lendo, silenciosamente, um livro de belas mensagens. Depois se oferecia para passar o creme enriquecido com essências florais em seu pulso.
Relatou-me que o sentimento de solidão havia passado.
Contou-me nesta época que sua mãe nunca havia lhe dito: “Eu te amo”. E que ela também nunca havia dito isto para a mãe, pois não conseguia.
Disse-me que não havia crescido em ambiente amoroso, e que não sabia se amava os pais. Sentia somente pena e dó dos dois.
Sua mãe havia feito punção pulmonar o que lhe auxiliou com a questão da falta de ar. Todavia, agora ela entendia que, realmente, para sua mãe não havia cura física possível.
Mantive sua fórmula de florais, inserindo apenas mais uma essência para a carência afetiva e para a tristeza profunda.
Para a casa mantive o uso do spray, colocando essências florais para elevar o padrão vibratório do ambiente através da nutrição amorosa, despertando nos que ali viviam sentimentos associados às características da grande mãe: aconchego, consolo, doçura, proteção, carinho, capacidade de cuidar afetuosamente e de criar vinculo de amor.
Pouco tempo depois, ao voltar ao consultório, falou-me que enfim seu pai aceitou o spray de floral, que sua mãe estava lúcida, sem estar tão deprimida, mas que estava muito cansada, mantinha-se com muita falta de ar, apesar de suas dores haverem diminuído muito, a ponto de não necessitar mais de anestésicos 24 horas por dia.
A mãe já aceitava as preces. E quando via a filha entrar em casa, estendia o braço pedindo o creme com as essências florais.
A paciente começou a ler para a mãe um livro sobre um homem que estava gravemente doente, e que por isso pensava e repensava sobre a vida e sobre a morte.
Sua mãe repetia sempre que estava na hora de morrer e abriu seu coração para a filha, sobre os sofrimentos de sua vida. Especialmente sobre o difícil relacionamento com o pai da paciente.
A jovem não se sentia mais desesperada, estava serena.
Mantive o spray para o lar, o creme com florais para a mãe, e sua fórmula de essências florais.
Poucos dias depois, contou-me que sua mãe não falava mais em morrer, e que as dores haviam diminuído ainda mais.
A paciente dizia sentir-se ótima e com grande força interior. Além de perceber-se sentindo mais afeto pelos pais.
Os florais continuaram os mesmos, inseri no spray uma essência específica para proteção do ambiente.
Em 30/06/2000 veio ao meu consultório com sua irmã, que morava em outro estado.
Sua mãe havia falecido no dia anterior.
Contou-me que antes de sua mãe morrer, seu pai ligou para a mãe, no hospital, e disse-lhe o quanto a amava, falando do seu valor e do quanto ela significava para ele.
Relatou-me que a mãe lhe disse que há 10 anos aguardava esta declaração de amor.
A mãe teve tempo de resolver várias pendências no final de sua vida na Terra, com a filha, com o marido, com a família, com antigos amigos.
O perdão traz sempre alívio e sentimentos de liberdade, incluir o perdão em nossos corações nos momentos de perda ajuda-nos a lidarmos melhor com a morte.
Ela morreu sem sentir dor, e por não precisar ser sedada, ficou lúcida, conversando até o seu momento final.
A paciente disse-me o quanto amava a mãe. E o melhor, que tinha tido a oportunidade, de na véspera de seu falecimento, ficar 6 horas ao seu lado, cuidando dela, dizendo de seu amor, e ouvindo-a dizer o quanto a amava também.
Havia alívio em seu coração e uma expressão amorosa em sua face, apesar da tristeza pela perda da mãe.
O amor havia entrado naquele lar, naquelas vidas, alterando rumos, e reescrevendo o final da história com letras de afeto.
Muitos não acreditam em milagres ou só acreditam nos milagres físicos, desde que possam ser tocados, quantificados, analisados em testes laboratoriais, e por isso não enxergam os pequenos milagres cotidianos do amor.
Estes podem não se dar conta do quanto o amor pode alterar o curso de nosso destino, melhorando nosso viver.
Nem sempre a cura que desejamos como, por exemplo, salvar o corpo físico, é possível, mas há sempre a cura disponível, aquela que advém de curarmos nossos sentimentos de indiferença, de solidão, de rancor através do amor, o que confere à alma a salvação e a cura necessárias para enfrentar os grandes desafios do cotidiano.
* Imagem de obra de Gustavo Klimt