Crianças irritadas, que tem explosões de raiva, que são muito ativas, que desrespeitam outras crianças e adultos, são encontradas com facilidade entre os 3 e os 6 anos de idade.
Certo é que esta fase é mesmo um momento onde a “raiva” é uma de suas expressões recorrentes, mas os casos aos quais me refiro são aqueles onde elas só conseguem resolver suas questões através de tapas, chutes, mordidas, gritos e frases como: “Eu odeio você!”.
Essas crianças podem também apresentar dificuldades para dormir, mantendo o sono agitado, ou simplesmente não conseguindo “desligar”.
Em comum os pais que trazem seus filhos ao meu consultório de Terapia Floral mostram-se exaustos e impotentes frente aos seus filhos. Oscilando entre o amor, a raiva e a culpa. Sentem-se perdidos ao lidar com a raiva e a irritação de suas crianças. Relatam que em alguns momentos agem de forma condescendente, com elas, para em outros instantes agirem de maneira bastante autoritária, apresentando grande dificuldade em colocar limites disciplinadores aos “quereres” infantis, recorrendo às palmadas, muitas vezes, sem obter nenhuma melhora no comportamento infantil.
Alguns pais acham que as essências florais irão enfim “educar” os filhos, ajudando-os a serem “normais” e “adequados”.
Realmente a Terapia Floral oferece tratamento para essas crianças. Mas não substitui a função educadora e orientadora dos pais.
A função das essência florais usadas terapeuticamente é ajudar a estas crianças a ampliarem seu vocabulário emocional, sentindo-se bem consigo mesmas, fortalecendo seu autoamor, e expandindo sua expressão pessoal para formas mais afetivas, criativas e bem humoradas.
Normalmente solicito aos pais e mães que também busquem trabalhar suas questões associadas à autoridade, à culpa, à raiva, à frustração, ao autoamor, e à irritação, bem como ao papel que desempenham como pais. A terapia floral também os ajudará nessa empreitada.
No que concerne à autoridade, é interessante que revejam as crenças associadas ao poder (tanto sobre o Poder Humano quanto o Poder Divino).
Parece-me que, como sociedade, ainda precisamos aprimorar nossa reflexão sobre essa cultura que aprecia a violência, e que está intrinsicamente associada ao poder.
Você, por exemplo, já refletiu sobre quais são essas “crenças sobre o poder” que de alguma forma norteiam nossa sociedade do século XXI?
Observe, por exemplo, a figura dos heróis, que representam o “bem”, nos filmes e desenhos: são sempre indestrutíveis, fortes, violentos, destruidores do inimigo, capazes de vencerem sozinhos, movidos por desejo de vingança, por ódio ou por revolta, os maiores vilões.
Nos filmes de ação algo semelhante ocorre, bem e mal usam as mesmas armas destruidoras.
Filmes e desenhos espelham crenças da nossa sociedade e alimentam nosso imaginário a respeito dela e nestes a mensagem predominante é a de que tem poder o mais forte, o mais rápido, o mais violento, o que tem a arma mais letal e que para que o bem vença ele pode usar armas, causar destruição, atropelar quem estiver na frente.
Entretanto, é interessante notar, que do ponto de vista do desenvolvimento humano, a violência é a arma do fraco, daquele que se sente acuado, impotente, com dificuldade de se impor e de expressar aquilo que sente, de forma que o outro o entenda e respeite.
Pode-se dizer que a violência é, para o ser humano, o recurso da pressa, do menos criativo, por ser a ferramenta dos impulsos vindos do nosso instinto de sobrevivência e não da razão.
De uma forma geral os heróis violentos dos filmes e desenhos mais se assemelham aos que são impulsivos, irracionais, histéricos, que trazem sentimentos de abandono ou rejeiçao e que precisariam de tratamentos médicos, terapêuticos, bem como da Terapia Floral.
Acho formidável imaginar o Hulk num consultório de Terapia Floral, e não é que há algum tempo atrás chega ao meu consultório um menininho de 2 anos e me conta que precisava de floral porque ele “era muito nervoso”?? (um de seus heróis prediletos na época era o Hulk)
Depois disso contou-me, também, que sonhava muito com monstros e que não queria mais isso.
Adorável criança.
Sua fórmula contemplou essências florais como:
– Angélica (florais da California) para sua proteção, além de religação com seu Eu Espiritual, e Anjo da Guarda,
– a essência floral Impatiens (florais de Bach) para que as explosões pudessem ceder espaço para uma expressão mais harmoniosa,
– a essência floral Chicory (florais de Bach) para se sentir amado, visto,
– o floral Cerato – flor que ele quis tomar (florais de Bach), para o resgate da lembrança de quem ele é para além dos condicionamentos já recebidos via filmes, desenhos, familia, etc..
– a essência floral Saint John’s Wort (florais da California) para haver proteção para seu sono, quando ele poderia se ligar ao seu lado mais solar, ainda que visitasse o seu inconsciente,
– e a essência floral Mimulus (florais de Bach) para limpar os seus medos trazendo a luz sua verdadeira coragem.
Em poucos dias encontrei de novo o menino que me disse que os monstros tinham sumido e sua mãe relatou que ele estava mais tranquilo, sem explosões de raiva, e que seu humor havia melhorado muito.
Mais de um mês se passou quando eu o revi e ele me contou que sonhou que um tigre corria atrás dele e enquanto ele, é claro, fugia. Até que ele virou e olhou bem para o tigre, e viu que o tigre era ele.
É isso mesmo, as essências florais ajudaram esse menininho em seus 2 anos e pouco a se ver frente a frente com sua força e também com seus medos e raiva.
Claro que ele continua em desenvolvimento, hoje tem perto de 3 anos, e ainda esta na fase de, às vezes, reagir com raiva às situações que o desagradam, tipico da idade, mas mostra mudanças importantes em seu comportamento desde o inicio do uso das essências florais, encontrando outras formas de lidar com as situações para além da raiva e para isso vem contando, também, com a ajuda preciosa dos seus pais
Pesquisas da neurociência nos dão conta que os adultos violentos de nossa sociedade podem trazer atividade reduzida na região do córtex pré-frontal (associada à inteligência cognitiva, tomada de decisão, autoreflexão) bem como podem também vir de familias onde temas como abusos, abandono, rejeição descasos, drogas ou vícios eram habituais.
Comum que as duas situações estejam presentes no caso dos adultos mais violentos.
É sabido hoje, também, que violência é algo que se aprende, mais do que se herda genéticamente.
Podemos nascer, por exemplo, com uma estrutura cerebral onde exista malformação no cortex prefrontal ou no hemisfério esquerdo, e nem por isso desenvolver traços violentos, por vivermos em familia afetiva, acolhedora, generosa, que partilha com bom humor a vida.
Voltando à criança que se expressa com raiva o tempo todo, que se mostra irritadiça, fica mais fácil entender o que acontece com ela quando se entende que seu cérebro ainda esta em desenvolvimento, e não é totalmente maduro do ponto de vista físico, sendo que o mesmo ocorre com seu psiquismo que ainda se encontra em fase de desenvolvimento.
Assim sendo, a criança não compreende o que sente e o que se passa ao seu redor. Percebe a vida sem entendê-la, e por isso, reage emocionalmente. O que é natural. Entretanto, mesmo assim precisa ser orientada e cuidada, afim de que possa aprender a reconhecer suas emoções e sentimentos, descobrindo como administra-los, como expressa-los, sentindo-se apoiada e segura neste processo.
Crianças, com comportamento irritadiço e que se expressam continuamente com raiva, podem usar dessas atitudes para mostrar um certo inconformismo com a falta de autoridade que percebem em seus pais. Esta carência de autoridade expressa através do autoritarismo ou da falta de atitude, é entendida pelas crianças como indiferença ou falta de afeto.
Criança precisa receber limites claros e objetivos de seus pais, para se sentirem seguras e, só coloca “limites claros e objetivos” quem se autoconhece e tem um bom senso de limite pessoal e interpessoal.
Por outro lado é necessário que esses limites venham envoltos em afeto e generosidade, pois, a criança precisa se sentir amada, aceita, entendida até para melhor aprender.
Somos preparados a vida toda para os ofícios que queremos exercer, mas não nos preparamos para a paternidade e para a maternidade.
É importante que pais e mães aprendam sobre seus filhos observando-os, brincando com eles, interagindo constantemente. Por outro lado, é preciso se informar sobre o desenvolvimento infantil não só do ponto de vista físico/fisiologico, mas do ponto de vista emocional, social, espiritual, psiquico.
No caso dos pais que lidam, cotidianamente, com explosões de raiva de seu filho pequeno, o exercício da autoridade requer que expressem respeito, amor e firmeza; que coloquem limites claros, através de atitudes envoltas em qualidades suaves, nutridoras, disciplinadoras e objetivas.
É necessário que demonstrem empatia com o desconforto da pequena criança e ao mesmo tempo disposição em ajudá-la a superar ou conviver com aquilo que lhe incomoda.
Lembrando que o processo de educar, de ensinar, de criar laços verdadeiros de afeto e cumplicidade é algo que leva tempo, que não se impõe através da força, das chantagens ou da manipulação.
Isto exige pais e mães com disposição para a paternidade e para a maternidade, e que tenham capacidade de usar o poder de forma amorosa para resolver conflitos, por isso a necessidade de que “trabalhem” suas emoções e seu lado espiritual também.
Nesta hora a indicação de essências florais adequadas é bem vinda a fim de ampliarem e fortalecerem a consciência relativa ao papel de educadores e orientadores; desenvolverem a autoridade pessoal; cuidarem das questões da auto-estima, das culpas, dos jogos de poder e agressão.
Crianças que se desenvolvem em ambiente propício ao autoconhecimento e à auto aceitação, onde se sentem, mesmo quando em crise, acolhidas, seguras e amadas, crescem mais felizes, com maior autoestima e autorespeito, o que gera sentimentos de profunda gratidão e amor.
E isto há de ajuda-las a estarem preparadas para enfrentarem os grandes desafios da vida adulta, fazendo uso de seu repertório de emoções e atitudes com criatividade, amorosidade, autoridade e mais sabedoria.