“Aquele que se dedica a desenvolver as forças da expressão amorosa de seu coração, encontra caminhos para promover em si um forte sentido de vida e de direção, frequentemente, atuando na sociedade de forma a abrir caminhos para muitos, beneficiando a vida ao seu redor, com sua vivência, e atingindo, beneficamente, pessoas que não fazem parte inclusive de seu grupo pessoal.”
Thais Accioly
A inteligência afetiva é o uso consciente das múltiplas inteligências a serviço da afetividade.
A afetividade é aqui vista como a expressão das forças do coração, especialmente: do amor, da gratidão, da compaixão, da ternura, da bondade, da generosidade e do altruísmo.
Ao estabelecer que o comando central de seu Eu é gerado pelas forças ou energias do coração, que melhor gerenciarão as demais inteligências a serviço do bem, do belo e do bom, passa-se a usar a inteligência afetiva, em busca de uma maior lucidez, de maior maturidade no viver, em busca da humanização das relações.
Já as múltiplas inteligências podem ser vistas aqui como capacidades da mente e da emoção, de adaptação, de aprendizagem, de compreensão, de raciocínio e de interação consigo e com a vida, reagindo e agindo no sentido de promover a sobrevivência da pessoa e de seu grupo pessoal.
Isoladamente vemos que a promoção da inteligência mental, em seus inúmeros aspectos, sem o uso dos recursos das demais inteligências como a social e a emocional, bloqueia o desenvolvimento da estrutura da personalidade de forma que ela não pode se ampliar satisfatoriamente.
Bem como, uma pessoa que tenha desenvolvido bem a inteligência mental se não desenvolveu concomitantemente seus aspectos afetivos mostrará dificuldades em apresentar-se amadurecido em seu relacionamento com a vida, especialmente, com a vida social, agindo muitas vezes de forma não ética, infantil ou egóica.
E se ainda assim, houver a expansão do arcabouço das demais inteligências num descompasso com a afetividade, a capacidade de gerar bem estar para si e para a sociedade ficará truncada ou impossibilitada.
Exemplos disso não faltam ao observarmos na sociedade: políticos corruptos, ou empresários que enriquecem gerando miséria ao seu redor, ou ainda, cientistas que criam tecnologia de extermínio em massa, entre tantos outros, todos usando sua inteligência para proveito pessoal ou de um grupo específico em detrimento dos outros. Mas também podemos observar na intimidade pessoal os dramas que se desenrolam e que levam a vivência de estresse crônico, de ansiedade e de depressão, gestando sofrimento imenso.
E para usar a inteligência afetiva é preciso conhecer, acessar, mobilizar, e desenvolver, as forças do coração, resgatando o Poder do Coração. Esse não é um trabalho para a mente racional, pois, a linguagem do coração não é a dialética, é a poesia, a beleza, a arte de forma geral, é o silêncio e a contemplação, mas também a gentileza e a compaixão; o acolhimento e o perdão. As forças do coração podem ser melhor desenvolvidas em contato com a natureza, e nas relações de uma forma geral. Para tanto é preciso que os relacionamentos aconteçam a partir do afeto verdadeiro e não dos rótulos, dos julgamentos da mente, da competição e das disputas de poder.
Quando as forças do coração estão fortalecidas, e as múltiplas inteligências estão a serviço da afetividade, os muros da exclusão são desfeitos.
A Inteligência Afetiva requer uma nova pedagogia para seu aprendizado, uma pedagogia que não seja exclusivamente materialista, que promova humanização e esperança.
Uma questão inicial para aquele que quer desenvolver as forças do coração é: O que é o amor?
O amor é uma força imanente e transcendente à vida.
Seu poder é curador e regenerador.
Muito confundindo com as emoções mais instintivas do ser humano, acaba sendo, muitas vezes, descrito como o ardor de uma paixão, reduzido a expressões do apego, das dores da perda, do ciúmes, da posse, do egoísmo, das fraquezas de caráter, do orgulho, do desassossego.
As forças do coração, aqui citadas, não são as forças instintivas do Ego e da vida, quais sejam: os desejos, a raiva, a tristeza, a alegria, o medo, o egoísmo, a surpresa e a libido, que servem para perpetuar a espécie e dar-lhe condições de adaptação e sobrevivência.
Estas emoções e a libido se bem ou mal geridas, na reação às situações da vida, desencadeiam sensações de prazer ou desprazer, de tensões e estresse, de ansiedade e depressão, comuns aos humanos e aos animais de forma geral e que estão mais associadas ao instinto de sobrevivência.
E na vivência destas fortes emoções é comum que a mente racional fique em desordem, como que obnubilada, criando uma inibição aguda da inteligência mental.
As forças do coração estão menos alinhadas às forças instintivas de pulsão da vida, e ao instinto de sobrevivência, e mais alinhadas à maturidade pessoal, à lucidez espiritual, e à capacidade de humanização da vida. Todavia quando fortalecidas aumentam o entusiasmo, o propósito de vida e a vontade de viver.
Quando usamos as forças do coração estamos mais alinhados com as forças do Self como gestor da personalidade o que vitaliza também a inteligência mental.
O amor é uma força de vida, e porque empodera a personalidade renova as energias vitais de todos os setores da expressão humana, do corpo ao psiquismo, do relacional ao espiritual, do racional à criatividade.
O amor é um querer bem, gerador de felicidade, aquece o peito de quem o sente, acalma, serena e refrigera a mente, alegrando a vida.
O amor gera imenso bem estar, e tem seus sintomas: além do peito aquecido, sensação de confiança e plenitude, bem estar, serenidade, contentamento, e gratidão.
Como é um querer bem a quem ou ao que se ama, ocupa-se de criar espaço para a felicidade alheia ampliando a possibilidade do altruísmo, da generosidade, da afabilidade, da paciência, da mansidão, do perdão e da tolerância.
Amar é verbo transitivo direto e requer ação primorosa a serviço da vida.
O amor é o antidoto para o medo, gerador de imensa coragem e pré-requisito das verdadeiras ações éticas.
O uso da inteligência afetiva é gerador de esperança pessoal e social.
E para desenvolve-lo há que se tornar primeiro sensível à vida, não apenas à sua própria vida, mas a vida de forma geral, podendo ser tocado por sua beleza, para que possa gerar simpatia, empatia e por fim compaixão e a verdadeira conexão, preenchendo a vida de significado e de mais saúde.
Voltarei ao tema ampliando-o e trazendo aplicações práticas para o bem viver. Aguarde!