Há algumas décadas atrás um movimento feminino tomou conta do mundo na luta pelos direitos e pela liberdade da Mulher.
Naquela época éramos educadas, sobretudo, para sermos submissas, adornos do lar, o máximo que se poderia pretender além de casar e de ter filhos era, em se querendo estudar, cursar o magistério.
Mulheres que viveram antes do movimento feminista e que sonharam fazer diferente eram raridade.
Hoje vemos mulheres ocupando muitos lugares na sociedade, no mundo empresarial, político, científico.
Mas se pretendíamos sair da submissão por meio do trabalho e da busca pelo respeito à nossa condição, antes de tudo, de seres humanos, encontramos ao longo do caminho outras formas de sujeição, pois, entramos no universo masculino, obedecendo às regras do jogo anteriormente definidas e se antes éramos educadas para sermos muito pouco, hoje somos educadas para negarmos nossa feminilidade.
Desta forma, de modo geral, nossa auto estima como mulher ainda é baixa, especialmente nas áreas que se referem à maternidade, sexualidade, relações afetivas e familiares.
As novas gerações de mulheres, a partir do movimento feminista, no ocidente, começaram a ser razoavelmente bem preparadas para assumir posições na sociedade, para estudar e trabalhar, mas na maioria das vezes sofrendo condicionamentos para raciocinar e agir no mundo de forma mais masculina. Acabou-se, muitas vezes, apenas copiando o jeito masculino de ser, perdendo-se de vista, anulando-se ou usando em menor medida as características marcantes da feminilidade.
Não se vê hoje em dia meninas sendo preparadas para a maternidade, algumas o são para a sexualidade, mas definitivamente não é a mesma coisa.
Também não se vê o preparo para o uso do raciocino intuitivo, ou da mediunidade, nem para cuidar e proteger o que é tradicionalmente frágil, carente, delicado, seja em nós mesmas ou nos outros.
E o feminino assim negado, faz falta à nossa humanidade.
Fome, abandono e maus-tratos à infância, são alguns sintomas característicos do enfraquecimento de alguns arquétipos femininos em ação na Terra, especialmente o arquétipo materno.
É responsabilidade só das mulheres? Não, eu com certeza não afirmaria isso.
Nem sugiro um retrocesso ao passado, mas a darmos um passo adiante, usando a liberdade com respeito às nossas necessidades essenciais, resgatando a nossa autoestima, ganhando consciência sobre a importância de nosso papel na sociedade, fortalecendo de novo o feminino.
Podemos para isso lançar mão das essências florais, na medida em que ajudam a estabelecer entre nossa Alma e a Alma da Natureza um diálogo nutridor, revivificando nossa Alma Feminina, auxiliando-nos a fazer as pazes com nossos corpos, destinos e missões.
Mas essa não é uma meta para ser atingida em um mês de tratamento, ou com um vidro de essências florais, nem há uma fórmula mágica que resgate em nós o prazer e a delícia de se sentir mulher.
Falo de um projeto de vida, que implica em responsabilizar-se, primeiramente, pelas mudanças necessárias. E depois apoiada pela Terapia Floral, através de um terapeuta floral e das essências florais, trilhar uma jornada de cura por um período de tempo, mais longo para umas, menos longo para outras, numa rota de resgate de si mesma e do sentido maior de sua própria existência.
Algumas breves reflexões sobre o feminino:
– Ser feminina não se define pelo uso da cor rosa ou por deixar os cabelos compridos, ou por ser vaidosa, pintar os olhos e os lábios, ou por usar salto alto e saia.
– O feminino em essência é nutridor. Nutre, a mulher, com seu leite ao seu filho, e a si mesma e a vida com sua intuição, com seus gestos, com sua capacidade de ouvir e de receber em si o outro, com sua fala que aquece e envolve. A nutrição é um ato de amor. Quando assim nutrimos a vida (filhos, carreira, companheiros de existência, e a nós mesmos) ela revivifica, ganha novo significado e se robustece.
A competitividade exagerada que usamos no trabalho e no cotidiano dificulta estarmos em paz com esse atributo que irá requer de nós disponibilidade para ouvir, para ser receptivo ao outro, para dar de nós nutrição afetiva.
– Ser feminina requer de nós estarmos em paz e aceitando os aspectos tipicamente femininos do nosso corpo, cuidando bem dele, com alimentação adequada, exercícios físicos apropriados, higienização necessária e tudo levando em consideração os períodos do ciclo hormonal, que, às vezes requer de nós, pequenas mudanças nos hábitos. E estar em paz com nosso corpo nos ajuda a desenvolver uma sensualidade e uma sexualidade mais vibrante e saudável.
O corpo feminino que a mídia adora e, que é vendido como perfeito, ou é anoréxico (ou quase), sem formas femininas naturalmente arredondadas, ou é “turbinado” com silicone – peitos, coxas, nádegas, bochechas, lábios, para ficar mais, muito mais arredondado e farto a fim de vender mais revistas, novelas, pornografia, produtos e negócios.
As mulheres que ficam fora desse padrão conseguido a base de cirurgia plástica ou com uma alimentação a base de muita “água e alface”, muitas vezes, passam a detestar seu próprio corpo, negando-o ou castigando-o com cirurgias desnecessárias, tratamentos estéticos caríssimos, com dietas sem propósito, ou com “malhação” exagerada.
– O tipo de vida que a mulher do ocidente leva faz com que ela vez ou outra sinta que a menstruação a atrapalha. Existem também mulheres que chegam a se sentir doentes quando menstruadas. Comum, também, encontrar uma mulher que odeie menstruar, ou que sofra de TPM, desenvolva endometriose, tenha dificuldades para engravidar. Muitas retardam ao máximo a gravidez, privilegiando a carreira, a sociedade atual inclusive prega que isso é o melhor para nós. Será?
O ciclo menstrual, as marés, os ciclos lunares, as estações do ano, os ciclos de vida (gestar, nascer, crescer, amadurecer, morrer, renascer) estão todos de certa forma intrinsecamente relacionados ao feminino. Faz parte assim do sagrado da vida na Terra. Menstruar é nossa dádiva, porque associado ao dom de criar e recriar a vida.
Claro que há mulheres para quem a menstruação é tão penosa, com hemorragias e muita cólica, que é uma questão médica, de bem-estar e saúde, suspender a menstruação. Bom senso é sempre importante em todas as situações.
– A mídia também vende uma outra imagem de uma mulher que tentamos copiar a qualquer preço, ainda que seja à base de antidepressivos, pois ela é forte, feliz, trabalha fora, tem sucesso, faz carreira, tem dinheiro, é jovem, tem filhos pequenos sadios e felizes, marido ou namorado satisfeitíssimos, amigas igualmente bem-sucedidas, família, casa bonita e florida, tudo lindo, equilibrado e perfeito, ainda que fora dos padrões da realidade viável.
Digo não viável porque não se consegue colocar o mesmo necessário empenho em coisas que nos puxam para lados opostos, como fazer carreira bem sucedida e criar filhos pequenos, de forma a que eles sejam saudáveis emocional, física, mental e espiritualmente. Algo não será bem atendido seja a carreira, ou os filhos.
A mulher que hoje assume tantos encargos vive cansada, às vezes, mal-humorada, outras vezes sente que a vida exige demais dela, quando não é ela mesma quem se exige muito. Fica ressentida.
É essa mulher que deprime, sofre de ansiedade, de estresse.
Descobrir que não temos que seguir os modelos de perfeição ditados pela mídia e que precisamos de ajuda ou de abrir mão de algum encargo, digo encargo e não dever, poderá começar a nos ajudar.
– Ser feminina é ser intuitiva e, usar dessa intuição na vida comum.
Apesar deste atributo ser muito badalado vejo que de uma forma geral usamos menos a intuição do que deveríamos, inabituadas que estamos a ela.
A intuição não é “achismo”, nem é julgamento ou “pré-conceito”. A intuição é uma percepção muito real e completa, não requer análise criteriosa do assunto, é um saber. Ela deve ser trabalhada, observada, para podermos usá-la com confiança em parceria com nossa capacidade de raciocinar, passando a ser benção na vida de cada um.
– Ser feminina é ser acolhedora.
Hoje milhares de crianças pequeninas são educadas por atendentes de creches, professores, babás, enfermeiras ou empregadas domésticas, tanto faz a classe econômica. A pior parte fica para a classe mais pobre, pois, aí as crianças se criam sozinhas.
Faltam-nos tempo e disponibilidade para acolher nossos filhos com a quantidade e qualidade que precisam e merecem.
Repassamos nosso dom da maternagem para funcionários pagos para “ocupar” nosso espaço, já que “temos que“ ocupar outros lugares na vida.
Acolher é receber o outro e o envolver. Pode ser através dos abraços e afagos, mas também da atitude de ouvir e de enxergar verdadeiramente o outro, sem pressa, entregue ao deleite do momento, pode ser também através da fala amorosa que aquece e enternece, fazendo com que o outro se sinta vivo e importante.
– Ser feminina é ser por natureza criativa. Criatividade que pode ser direcionada para criar filhos; criar beleza na vida; para pintar quadros; escrever poesia; costurar; bordar; conceber prédios, livros, trabalhos sociais; encontrar a cura para doenças; inventar comidas deliciosas; cultivar jardins.
Através de nossa criatividade podemos acolher nossa alma e aos que estão ao nosso redor de uma forma mais bela e menos tediosa.
Feminino e masculino, atributos complementares da alma humana, um não é melhor ou pior que o outro, ambos são importantes para nosso pleno desenvolvimento como individualidades e como humanidade.
Negar um atributo para robustecer outro, tem sido a escolha nossa como coletividade, ao longo de séculos, mas através dos clamos das mazelas humanas podemos ouvir a necessidade premente do resgate do feminino, primeiramente através da figura arquetípica da mãe, e por meio dela, de todas as demais. As gerações futuras agradecerão.